“O maior de todos os tempos”: o mundo reverencia Ozzy Osbourne
- Kika Mesquita

- 22 de jul.
- 4 min de leitura

Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath e um dos personagens mais influentes da história do rock e do heavy metal, morreu nesta terça-feira, 22 de julho de 2025, aos 76 anos. A família confirmou que o “Príncipe das Trevas” partiu “rodeado de amor”. A notícia chega menos de três semanas depois de sua emocionante participação no megashow beneficente Back To The Beginning, em Villa Park, Birmingham — a cidade onde tudo começou para o Black Sabbath.
Último encontro histórico com o Black Sabbath
O evento de 5 de julho marcou a primeira vez desde 2005 que Ozzy dividiu o palco com Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. Sentado durante a apresentação, por causa de problemas de mobilidade ligados ao Parkinson e a múltiplas cirurgias nos últimos anos, Ozzy agradeceu ao público: “O apoio de vocês nos permitiu viver uma vida incrível. Obrigado, do fundo do coração.”
Além do set do Sabbath — que incluiu clássicos como War Pigs, Iron Man, Children of the Grave e Paranoid — Ozzy fez também uma performance solo especial, cantando faixas como Crazy Train e Mr. Crowley. “É tão bom estar neste palco, vocês não têm ideia”, disse ele à multidão.
Maior concerto beneficente da história
Reunindo um elenco estelar que passou por Guns N’ Roses, KoRn, Tool, Slayer, Pantera, Metallica, Alice In Chains, Gojira, Anthrax e Steven Tyler (Aerosmith), o Back To The Beginning tornou-se o show beneficente de maior arrecadação já registrado, levantando pouco menos de £200 milhões para causas filantrópicas. O evento também foi transmitido ao vivo para o mundo; no Brasil, o acesso ao livestream custou R$82,25 mais taxas.
Preparação apesar da saúde frágil
Em entrevista ao The Guardian meses antes do show, Ozzy contou que estava “treinando pesado” para conseguir participar: “Estarei lá e farei o melhor que puder. Tudo o que posso fazer é aparecer.” Sua esposa e empresária, Sharon Osbourne, reforçou recentemente que, embora ele “não consiga andar” com facilidade por causa do Parkinson, “a voz não foi afetada” — e que o desejo de Ozzy era simples: agradecer aos fãs, depois de tantos anos sem ter essa chance plena.
Ozzy não fazia um show completo desde 2018. Entre longos períodos de reabilitação, cirurgias na coluna e o desafio contínuo do Parkinson, cada aparição pública ganhou peso simbólico — e Villa Park acabou se tornando um adeus coletivo.
O filme: despedida nas telas
Um registro oficial de Back To The Beginning chegará aos cinemas em 2026 (e posteriormente ao streaming). Descrito como “uma carta de amor a Ozzy e ao som pioneiro do Black Sabbath”, o filme trará trechos condensados do festival de dia inteiro, imagens de bastidores, entrevistas e as performances que pararam Birmingham.
De Birmingham para o mundo
Nascido John Michael Osbourne em 3 de dezembro de 1948, em Aston (bairro operário de Birmingham), Ozzy juntou-se a Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward em 1968. A banda — que começou como Earth antes de adotar o nome Black Sabbath — redefiniu o peso, a atmosfera e a teatralidade no rock, e ajudou a moldar o que o mundo viria a chamar de heavy metal.
A voz inconfundível de Ozzy, somada ao clima sombrio das composições do Sabbath, criou uma assinatura sonora que atravessou gerações. Depois de deixar o grupo em 1979, ele construiu uma carreira solo igualmente marcante, lançando álbuns clássicos e se tornando figura pop global — especialmente após o reality The Osbournes, da MTV, que apresentou ao público seu cotidiano com Sharon e os filhos Jack e Kelly.
Excesso, caos — e lenda
A vida pessoal de Ozzy sempre correu lado a lado com sua mitologia rock’n’roll: abuso de drogas, histórias absurdas (sim, o famoso morcego; sim, a pomba; sim, “coisas que provavelmente fiz”, como ele disse ao NME em 2020), rivalidades brincalhonas e exageros dignos de folclore. Mas o próprio Ozzy costumava lembrar que, depois das loucuras, vinha a ressaca — e o trabalho.
Reações do mundo da música
Assim que a morte foi confirmada, artistas de várias gerações se manifestaram.
Tony Iommi escreveu: “Não consigo acreditar! Meu querido amigo Ozzy se foi poucas semanas depois do nosso show em Villa Park… Não haverá outro como ele. Geezer, Bill e eu perdemos nosso irmão.”
Elton John chamou Ozzy de “um grande amigo, um desbravador que garantiu seu lugar no panteão dos deuses do rock — uma verdadeira lenda… e uma das pessoas mais engraçadas que já conheci.”
Tom Morello (Rage Against The Machine), diretor artístico do Back To The Beginning, agradeceu: “God bless you, Ozzy.”
Ronnie Wood (The Rolling Stones) destacou o “lindo show de despedida” em Birmingham.
Yungblud, que ganhou de Ozzy uma cruz dourada personalizada naquele dia, disse que o músico “vai estar em cada nota que eu cantar”.
Billie Joe Armstrong (Green Day) resumiu: “Sem palavras. Nós te amamos, Ozzy.”
Jack White postou: “He made it.”
Um adeus que é também gratidão
Da fábrica de metalurgia em Birmingham aos palcos mais lendários do planeta, Ozzy Osbourne transformou vulnerabilidade, vício, humor ácido e pura vontade de cantar em uma carreira que moldou o gênero pesado e atravessou a cultura pop. Para milhões de fãs — e para músicos que hoje lideram festivais graças às portas que ele abriu — Ozzy foi, e continua sendo, “o maior de todos os tempos”.










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