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Rock psicodélico ou algoritmo bem treinado? A ascensão meteórica da banda que pode ter sido feita por IA

  • Foto do escritor: Kika Mesquita
    Kika Mesquita
  • 1 de jul.
  • 3 min de leitura

Com estética vintage, biografia inventada e músicas em playlists populares, The Velvet Sundown levanta suspeitas e acende alerta sobre o uso de inteligência artificial no mercado da música



Foto: Reprodução/ Instagram
Foto: Reprodução/ Instagram

Ela surgiu do nada, com visual retrô, sonoridade psicodélica e um suposto quarteto inspirado nos anos 70. Mas The Velvet Sundown pode não passar de uma simulação. A banda já acumula mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify, lançou dois álbuns em menos de um mês — e tem um terceiro previsto para 14 de julho. Tudo isso com sinais cada vez mais claros de que se trata de um projeto inteiramente gerado por inteligência artificial.


A história chamou atenção nas redes sociais e foi detalhada em reportagem do site especializado MusicAlly.com. Segundo a investigação, há fortes indícios de que as músicas da banda foram criadas por IA e distribuídas pela plataforma DistroKid, com parte do conteúdo já rotulado pela Deezer como “potencialmente gerado por inteligência artificial”.


A biografia da banda apresenta quatro integrantes fictícios: Gabe Farrow, Lennie West, Milo Rains e Orion “Rio” Del Mar. Nenhum deles possui qualquer histórico verificável fora dos perfis oficiais. As imagens promocionais, com tons amarelados e aparência suavizada, reforçam a suspeita de que também tenham sido criadas por geradores de imagem.


O mistério aumenta com uma suposta citação da Billboard usada na divulgação — mas que nunca existiu em nenhuma publicação da revista. Tudo indica que se trata de uma tentativa de reforçar a credibilidade do projeto através de uma fonte inventada.


Apesar disso, os números são reais. The Velvet Sundown figura em diversas playlists populares do Spotify, como “Vietnam War Music” e “The OC Soundtrack”. E há uma possível explicação: o grupo vem sendo incluído repetidamente em listas criadas por contas com poucos seguidores, mas que acumulam centenas de milhares de salvamentos — um comportamento que pode ter enganado os algoritmos da plataforma e impulsionado o alcance da banda.


As duas primeiras obras da banda, Floating on Echoes e Dust and Silence, foram lançadas com apenas 15 dias de intervalo. O terceiro álbum, Paper Sun Rebellion, está programado para sair em 14 de julho. Em outras plataformas de streaming, como Apple Music, Amazon Music e Deezer, os álbuns também estão disponíveis — e em algumas versões, há um aviso sutil: “Algumas faixas deste álbum podem ter sido criadas usando inteligência artificial”.


Até mesmo a descrição oficial da banda parece gerada artificialmente: “Há algo silenciosamente hipnotizante sobre The Velvet Sundown. Você não apenas ouve, você se perde neles. A música não grita por atenção; ela se infiltra lentamente, como um cheiro que te leva de volta a um lugar inesperado.” E continua: “Eles não tentam reviver o passado. Estão reescrevendo. Soam como a memória de um tempo que nunca aconteceu… mas que, de alguma forma, parece real.”


O caso reforça os questionamentos sobre o uso da IA na indústria musical. Em 2023, uma reportagem da revista Harper’s Magazine apontou que o Spotify poderia estar usando "artistas fantasmas" gerados por IA para reduzir pagamentos de royalties. Outro estudo indicou que, sem regulamentação, artistas reais podem perder até 24% de sua receita até 2028.


Enquanto isso, alguns nomes famosos vêm explorando a tecnologia de forma criativa. Grimes lançou o projeto Elf.Tech, que permite a qualquer pessoa criar músicas com sua voz processada por IA. Björn Ulvaeus, do ABBA, revelou que está escrevendo um musical com ajuda da tecnologia. E o produtor Timbaland fundou a Stage Zero, uma gravadora dedicada a artistas gerados por IA — como a cantora virtual TaTa.e.y.


Em meio a tudo isso, The Velvet Sundown segue crescendo — seja como um experimento, uma provocação, ou um novo modelo de consumo musical. Mas a pergunta continua no ar: e se a música que estamos ouvindo nem sequer tiver sido feita por uma pessoa?









 
 
 

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​Por: Kika Mesquita

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